Asexualidade sempre foi representada por mulheres nuas ou seminuas, de corpos esculturais, que nos levaram a crer que só elas, e apenas elas, tinham o poder de oferecer e ter uma vida sexual ativa e satisfatória.
A gostosa estampada na capa da revista faz um bem danado aos homens, que discorrem em rodas de amigos, detalhadamente, os melhores atributos da moça. Nada contra, acho perfeitamente normal apreciar o que se gosta e se acha belo, o problema nessa história é que a maioria das mulheres passa a se comparar com a dita cuja e, sinceramente, comparações são um grande problema.
A insatisfação gerada pela péssima visão do próprio corpo está levando muitas mulheres a terem menos relações sexuais com seus parceiros do que querem ou desejam. Quando falamos em insatisfação com o próprio corpo, quase todos imaginam que sejam mulheres gordas as insatisfeitas. Porém, esse culto ao corpo não atinge apenas as de formas mais protuberantes, mas toda e qualquer mulher.
Na verdade, conheço um monte de gordinhas satisfeitíssimas com suas relações sexuais e amorosas porque se amam, se entregam, sabem o que estão fazendo, e conheço também magras infelizes sexual e amorosamente. A questão não é estar ou não acima do peso, ser ou não ser magra, mas a forma como se lida e se conhece o próprio corpo e se trabalha as emoções.
O visual atrai, mas muito mais excitante e sedutor que um corpo é o conhecimento de si mesma refletido nas atitudes. Uma mulher confiante não tem vergonha de dar e receber amor e prazer, exerce plenamente sua sexualidade e, diferente do que muitos pensam, não faz isto para agradar ao companheiro, mas porque sabe ressaltar suas qualidades e lidar com seus defeitos. Da mesma maneira que tem consciência de ser imperfeita, também não quer um homem perfeito na sua cama e em sua vida.
Quando uma mulher, independente da circunferência da sua cintura, se gosta, se cuida, se valoriza e, acima de tudo, sente orgulho de si mesma, ela consegue uma luminosidade diferente e homens adoram mulheres que seduzem pelas palavras e atitudes muito mais do que pelas curvas ou exposição do seu corpo. Sendo assim, com ou sem celulite, com ou sem estrias, com poucas ou muitas curvas, o mais importante é a aceitação do seu corpo como templo de amor e prazer, não permitindo que a opressão da mídia acabe com sua autoestima e, consequentemente, com sua libido.
A repressão causada pela avalanche de editoriais estampando corpos ‘photoshopados’, criando uma imagem de perfeição inexistente, vem fazendo das mulheres meras expectadoras de suas vidas, atrapalhando relacionamentos, desfazendo outros tantos, pois elas acreditam que para serem felizes, amadas e realizadas é preciso que sejam magras, o que é uma grande inverdade. Particularmente, tenho muito mais confiança em quem consegue ser feliz mesmo contrariando as regras existentes do que em quem isola a própria personalidade para ser mais um numa multidão cheia de hipocrisias e falsa aceitação.
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