domingo, 28 de outubro de 2012

Polêmica no mundo Plus Size


No comercial da Marisa, passar fome valeu a pena pois o verão dela será feliz porque está magra.
No comercial da Marisa, passar fome valeu a pena pois o verão dela será feliz porque está magra.
Outro dia, falei na minha página no Facebook sobre a Marcyn estar usando modelos magras para vender produtos para mulheres Plus Size e de como isso me incomodou. Postei na fan page da marca minha indignação e a resposta veio ligeira: "Concordamos totalmente com o seu ponto e, inclusive, aproveitamos para te contar, em primeiríssima mão, que já estamos preparando uma nova sessão de fotos com uma modelo mais adequada ao perfil destas coleções". Pensei: "Ótimo! Mais um passo dado, mais uma empresa nos tratando como reais consumidoras".
Nesta semana, vi um 'burburinho Plus Size' nas redes socais, a respeito do último comercial das lojas Marisa e fui ver do que se tratava. Nele, a modelo narra uma homenagem à dieta que fez consumindo apenas chuchus, pepinos, sopas ralas e demais leguminosas, abrindo mão de alimentos engordativos, finalizando que tudo valeu a pena, já que o verão dela será feliz, subliminarmente, porque está magra.
Não sou facilmente influenciável por anúncios, mas me senti tão à vontade vendo a Dove expondo aquela diversidade de tipos, corpos, cabelos e peles que passei a consumir alguns produtos da marca. No íntimo, era uma maneira de dizer: oba, vocês nos enxergaram, nos colocaram para vender para mulheres reais produtos que podem torná-las mais especiais do que já são. Deu certo! Por favor, continuem. Eu sou mulher e, como toda mulher única, quero cooperar para que vocês nos ajudem a modificar esse pensamento que faz sofrer tantas outras. Acho que esta foi a única campanha que realmente vi mulheres de verdade se comunicando com mulheres reais. 
Outro dia, vi uma propaganda de makes onde quatro amigas se arrumavam para ir para a balada. Abre o close e lá estão elas na pista de dança sendo 'apreciadas' por alguns rapazes. E nenhuma era gorda. Ou seja, gorda não se diverte, não é paquerada e não pode se jogar numa pista de dança e se acabar de alegria?  Aí que entra a questão da autoestima, do amar-se de verdade. Porque lutar contra o preconceito é uma coisa, mas não temos que nos sentir diminuídas diante de um comercial, porque isso só mostra que realmente não estamos à vontade e seguras de nós mesmas com um quadril de mais de 1,30m.
Rasguem todas as mídias impressas, não vejam mais TV, a não ser "Drop Dead Diva" e "Mike e Moly". Esqueçam que o mundo capitalista oferece todo tipo de produto, porque a grande maioria deles é para o público magro, já que raramente vemos um gordo, ou uma gorda, estrelando qualquer anúncio, a não ser quando é para satirizar. Na verdade, absolutamente todos mostram mulheres magras, felizes, sendo cortejadas por homens bonitos, aparentemente bem sucedidos e ávidos por ter uma mulher como aquela ao seu lado. Para as gordas, sobra o quê? Gordas não menstruam, não lavam os cabelos, não escovam os dentes, não se maquiam, não hidratam o corpo e nem possuem família, já que nunca vi uma estrelando um anúncio de margarina.
Mas se fizessem um comercial de um carro pra mostrar o espaço interno e fosse uma gorda a modelo do anúncio, um monte de gente iria dizer que é preconceito. Portanto, não é assim que vamos conseguir nosso espaço. Temos que entender que lutar para fazermos parte da sociedade como um todo não quer dizer excluir as outras pessoas que são magras. Acredite, tem quem goste de fazer dietas, quem se sente bem fazendo exercícios. Até mesmo nós, gordos, quando começamos um exercício físico nos sentimos bem.
Temos que valorizar nosso poder de compra, nosso potencial como consumidores e fazer valer nossa imagem. Exibir uma mulher magra para vender um produto desenvolvido para gordos é ruim, mexe com nosso intelecto e é isso que temos que exigir, gente como a gente dizendo: esse produto é bom, foi realmente desenvolvido para nós, vale a pena comprar. Isso é buscar igualdade, isso é poder de escolha.
A estrutura das mensagens dos anúncios é diferente, até porque precisa ser adequada para cada veículo, mas a mensagem subliminar é sempre a mesma: se você é magra, consegue conquistar tudo, até mesmo um período menstrual feliz!
Fora os anúncios das confecções GG, que possuem um departamento de marketing inteligente e colocam Plus Size para venderem para Plus Size, ninguém nunca viu um comercial estrelado por uma gorda, por mais linda que ela seja. Então, por que este espanto todo com as ‘baby cenouras, as sopas ralas e a chia’? Elas são mais indigestas que os anúncios de redutores de medidas e de algumas cintas modeladoras que são feitos por modelos magras, e que nós, além de comprarmos, simplesmente nunca reclamamos?
Se é para colocar a boca no trombone, que façamos com propriedade de causa, ética, um ótimo discurso e sem nem um resquício de "coitadismo".

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